Memória e emoção: filme sobre Praia de Iracema é lançado no São Luiz

Lançamento de "Praia de Iracema: Uma História de Amores" no Cineteatro São Luiz exaltou importância e memórias da praia; Oswald Barroso foi aplaudido

Uma mistura de emoção, registros históricos e defesa da memória coletiva: é possível caracterizar assim o lançamento do documentário “Praia de Iracema: Uma História de Amores”. Uma realização da Fundação Demócrito Rocha (FDR), com produção da Usina Entretenimento, a obra foi exibida ao público em estreia no Cineteatro São Luiz na manhã deste sábado, 25.

Entre realizadores, familiares e diferentes públicos, o evento reuniu bom número de espectadores para o lançamento. O documentário é dirigido por Dado Fernandes e tem roteiro de Raymundo Netto e Vinícius Augusto Bozzo. A produção conta sobre a Praia de Iracema (PI), em Fortaleza, a partir de relatos de historiadores, residentes e usuários do local.

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A ideia é apresentar a importância da praia para a Cidade e agregar depoimentos que discorram não apenas sobre a história da PI, mas suas impressões e amores. Antes da exibição, Raymundo Netto subiu ao palco do São Luiz para falar sobre o projeto, produzido por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. 

Trabalho coletivo e emoção à vista

Como reforçado por Netto, esse foi um trabalho produzido a várias mãos. A obra, por exemplo, tem direção de fotografia André Vasconcelos e reúne imagens antigas e atuais que, combinadas a uma coletânea de músicas produzidas por artistas locais, representam a praia e a ligação com a Cidade.

O lançamento também teve momentos de emoção. Um dos entrevistados foi o jornalista, escritor e dramaturgo Oswald Barroso, que faleceu em março. Ao aparecer na gravação, ele foi bastante aplaudido pelo público, que também gritou seu nome. O movimento de homenagem foi reforçado posteriormente, após a exibição do documentário.

Outra personalidade também bastante reverenciada na manhã foi o jornalista, colecionador e pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo, mais conhecido como Nirez. Ele também contribuiu para o documentário e aparece na produção.

“A Praia de Iracema está viva”

Na avaliação de Raymundo Netto, a grande importância do documentário está na transmissão do sentimento de que a “Praia de Iracema está viva”. “Desde o começo o objetivo foi promover esse sentimento de pertencimento, das pessoas saberem que essa praia é delas e que ela está viva. Queremos declarar nosso amor a ela para que a Praia de Iracema seja preservada pelas futuras gerações”, declara.

Netto, que também é gerente editorial e de projetos da FDR, pontuou como o lançamento do documentário é mais uma ação do Grupo de Comunicação O POVO para preservar patrimônio cultural e artístico do Ceará. Ele adianta que outro projeto está em desenvolvimento: uma obra para falar sobre a Revista Maracajá, suplemento literário lançado pelo O POVO em 1929 e que “incentivou o modernismo no Ceará”.

Diretor do documentário, Dado Fernandes revela ter “uma história muito forte com a Praia de Iracema” enquanto músico. Ao receber o convite para dirigir o documentário, aceitou sem hesitar e percebeu a necessidade de apresentar essa narrativa de uma forma ainda não contada ao público.

“A minha ideia era fazer algo histórico para que as pessoas que não têm noção do que são nosso Estado e a Praia de Iracema pudessem conhecer. Em seguida, colocamos recordações de pessoas que estiveram na praia e depois ‘os amores’, parte que eu mais gosto. É como se a PI fosse uma pessoa e ela fosse nosso amor”, destrincha.

Ele acrescenta: “A Praia de Iracema está tão presente em nossas vidas que às vezes esquecemos que ela também precisa de carinho e de cuidado. Esse documentário vem para isso: engrandecer o que temos e mostrar de onde vem a nossa raiz. Acho que a PI tem muito a ver com a nossa cidade”.

Alerta por mais

Quem apresenta discurso semelhante ao de Dado Fernandes é o cantor e compositor cearense Isaac Cândido, que deu depoimento ao documentário. Ele conta que a Praia de Iracema foi “sua maior escola” quanto às artes, à vida, às amizades e à música, com repercussão até hoje.

Em sua visão, a obra alerta a todos a responsabilidade de se fazer algo pela praia no caminho da revitalização, para que sua memória não seja deixada de lado: “Saímos colocando o amor que temos à Praia de Iracema e um alerta para fazermos algo por ela, porque se pode fazer muito ainda”.

Resguardar a cultura e a memória

O público compareceu em bom número ao Cineteatro São Luiz. Algumas das pessoas presentes na plateia foram os irmãos Gutemberg da Silveira, 58, e Shirley Sá, 52. Foi a professora quem convidou o auxiliar administrativo para assistir ao documentário neste sábado, 25, e “prestigiar” a história de um local frequentado por ambos.

“Eu fui um frequentador da Praia de Iracema durante a minha adolescência e quis ter conhecimento dessa história, porque eu conhecia pouco”, lembra Gutemberg. Shirley também compartilha memórias na praia: “Quando eu estava na faculdade eu vivia na Ponte Metálica, no Cais Bar, em outros bares ou só caminhando mesmo”.

Gutemberg destaca ter interesse pela história do Ceará e define o documentário como um produto de “extrema importância” para resguardar a cultura e a memória. Sua irmã concorda: “Acho importante que sejam preservadas, porque vimos o que aconteceu com o Edifício São Pedro, demolido. Temos que resguardar a memória de Fortaleza, do Ceará e do Brasil”.

Onde assistir ao documentário?

O documentário "Praia de Iracema: Uma História de Amores" estará disponível em breve na plataforma de streaming O POVO+ e será exibido na programação do Canal FDR, sinal aberto (canal 48.1) e por sinal fechado (23 – Alares | NET 24 (SD) e 523 (HD) | 138 – Brisanet).

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